PRECE A NOSSA SENHORA DOS DESGRAÇADOS
Em meados de 1978, escrevemos na imprensa jordanense que a nova polÃtica de combate à tuberculose do Governo Federal seria desastrada e absurda, pois dispensava o tratamento hospitalar, adotando o tratamento ambulatorial. A partir daà cessaram os convênios que mantinham mais de 10 hospitais de tuberculose em Campos do Jordão. Entendeu o Governo que a cura da tuberculose poderia ser feita sem internação hospitalar, recebendo o enfermo gratuitamente a medicação para tomar em casa. O tratamento da doença é longo, exigindo 6 meses de ingestão diária de antibióticos, além de boa alimentação e bastante repouso. Com a adoção dessa desastrada medida, as 10 unidades sanatoriais de Campos do Jordão à época deixaram de receber 4 bilhões de cruzeiros mensalmente, liberados pelo antigo I.N.P.S. O impacto em Campos do Jordão foi violento pois atingiu aproximadamente 800 funcionários que ficaram desempregados. Se cada um possuÃa 3 dependentes, a medida governamental atingiu e prejudicou 2.400 jordanenses. Lembramos que o então prefeito Fausi Paulo foi a BrasÃlia pedir ao Ministro da Previdência Social Jair Soares que dispensasse tratamento diferenciado à Estância, que, durante 50 anos curou milhares de brasileiros, devolvendo-os sadios à famÃlia e ao trabalho, enquanto os demais municÃpios enriqueciam e progrediam na lavoura e na indústria. Cidade abençoada, por isso atrasou seu progresso de desenvolvimento turÃstico, pois foi preconceituada como cidade enferma. Até diziam “tosse, rouquite e bronquidão – Campos do Jordãoâ€. Estupidamente o ministro disse ao então prefeito que transformasse os sanatórios de tuberculose em hotéis de turismo...
O prefeito, revoltado com aquela proposta besta e burra, deu um murro na mesa, falou um palavrão e abandonou o gabinete ministerial. A atual polÃtica nacional de combate à tuberculose, ingenuamente, acredita que o tuberculoso pobre vai receber os antibióticos gratuitamente das unidades de saúde e não vai mais tomar a sua cachaça, crê que o doente vai se alimentar fartamente com o riquÃssimo auxÃlio previdenciário, imagina que o enfermo pobre não vai mais trabalhar, mas, ao contrário, ficará em casa repousando, e o pior, o Governo pensa que o tuberculoso pobre não vai contaminar a esposa e os filhos. Na ilha da fantasia de BrasÃlia mora a estupidez ao lado da hipocrisia. O resultado está aà no 3o Milênio, a tuberculose está retornando a galope, ou melhor, na velocidade da Fórmula 1. Só em São Paulo e Rio de Janeiro registra-se 80 mil casos de tuberculose resistente aos remédios e a moléstia agora está associada ao HIV, sendo a maior causa de morte entre os soropositivos. O Governo Federal destruiu a maior rede sanatorial de combate à tuberculose do Brasil, fechando sanatórios bem equipados, de pessoal técnico especializado na área médica, dotados de enfermagem experiente e competente. O quadro é dramático: o brasileiro tuberculoso e pobre não toma o remédio corretamente, não tem dinheiro para alimentar-se bem, não pode fazer repouso com o auxÃlio previdenciário que recebe, não pode deixar de trabalhar e vai contaminando toda a famÃlia. O que o Governo Federal fez no passado foi o que o prof. Jarmuth Andrade chamou de decisão idiota de gabinete. Resta-nos orar a Nosso Senhor dos Desgraçados que tenha piedade do brasileiro pobre que contraiu tuberculose e que as chamas do inferno arda sobre os autores dessa polÃtica bandida que prejudicou a população jordanense e amargura o povo brasileiro pobre.
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