Campos do Jordão, meu amor
Verdes campos,
Embrenhados nos confins da Mantiqueira;
Ao dia, os pássaros, à noite, os pirilampos,
Entoando agreste sinfonia, Ã ribanceira
Dos abismos de esmeraldas e aos flancos
E Ã s baixadas e planÃcies e aos barrancos,
A serra, de silhueta olÃmpica e brejeira.
Verdes campos,
Luminosos, feitos de pedrarias,
Em manhãs hibernais e de espantos!
Da noturna alcova, todos os dias
Saltitavas, fresca e aos prantos,
Que as lágrimas do orvalho, aos cantos
Dos olhos, belo e serenos, vertias.
Verdes campos,
Que à beira dos córregos risonhos
E apaixonados - não sei quantos!
Viam despencar cascatas de sonhos
Estilhaçados - e que foram tantos!
Loucos sonhos de amor, santos
E malditos, puros e medonhos.
Noites famosas,
Adornando, com seus negros cabelos,
Veredas encantadas, sinuosas,
Que das alturas da Serra, pelos
Volteios dos rios, vertiginosas,
Iam caindo, despetalando as rosas,
Turvando as formas, rompendo os zelos.
Noites famosas
E solitárias - bêbadas de amor!
De brumas envoltas, vaporosas,
Prenhes de luz, morena de cor,
Tangendo as cordas amorosas
Do seresteiro que canta glosas
Na musicalidade da dor.
Noites formosas,
No dorso da Serra, desmaiadas,
Vesperal de auroras misteriosas,
Que um dia - doce conto de fadas!
Em época longÃnquas, idosas,
Em Oyaguara seduziram, tanto em prosa
Quanto em verso, estórias encantadas.