NÃO É PROIBIDO SONHAR
Logicamente, todos nós sonhamos, porque, como escreveu Mário da Silva Brito: “sonho, logo existoâ€. Mais do que isso, está assinalado na Talmude, o livro judaico, que todo sonho tem algo de profético.
Este cronista sonhou a vida inteira em ser jornalista, desde os bancos da Faculdade de Direito. Afinal de contas, escrevo desde a década de 50. Ainda no Colégio Estadual e Escola Normal de Campos do Jordão fui o redator do jornal “O Colegialâ€, o primeiro órgão de imprensa estudantil da cidade. Ele era publicado pelo Grêmio Estudantil Jordanense e guardo alguns exemplares em meu arquivo. Dali em diante, a vida toda escrevi em 99% dos jornais publicados no MunicÃpio, afora os regionais e outras publicações jurÃdicas nacionais.
Esta frustração contei-a ao saudoso jornalista Homero Paiva numa noite de intensa boemia, quando ainda cursava a Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie.
Apesar do ambiente etÃlico, ele se apiedou de mim e levou-me ao redator-chefe do jornal “Última Horaâ€, de Samuel Wainer, quando ainda sediado no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. O redator-chefe cujo nome não me lembro, autorizou o estágio. Na enorme redação daquele jornal de circulação nacional, conheci o jovem escritor Ignacio de Loyola Brandão, a cronista social Alik Kostakis, e um jornalista chamado Clércio Ribeiro, que depois virou jurado de programa de televisão, pondo e tirando os óculos insistentemente.
Fiquei deslumbrado e pensei comigo: “Um dia, serei jornalista tambémâ€.
Há uma grande disputa judicial no Superior Tribunal de Justiça, em BrasÃlia, onde as Faculdades de Jornalismo pleiteiam que somente podem exercer o jornalismo aqueles que forem graduados pelas Escolas existentes no PaÃs. A corrente contrária recusa esse entendimento sob a alegação de que nenhuma escola pode fazer um bom jornalista. Entretanto, uma medida liminar daquele Tribunal Superior autorizou o registro no Ministério do Trabalho de todo cidadão brasileiro que comprovasse o exercÃcio do jornalismo, embora não graduado em escola existente no PaÃs.
Como filho de Deus, juntando centenas de artigos, crônicas, reportagens e trabalhos jornalÃsticos também requeri ao Ministério do Trabalho que reconhecesse a minha condição de jornalista.
E foi imensa alegria que, agora, em dezembro de 2007, André Pazzianotto (com dois zz e dois tt ) chefe do Ministério do Trabalho em Campos do Jordão, comunicou-me que estou inscrito como jornalista no Ministério do Trabalho sob o nº MTB 038 394.
Valeu a pena sonhar! Enganou-se o escritor Abgar Renault quando disse que “só o impossÃvel é digno de ser sonhadoâ€.
Equivocou-se redondamente Jandyra Waters quando escreveu: “Querer parar sabendo que se anda / Querer ficar sabendo que se vai / Melhor sonhar / Que não se anda, que não se vaiâ€.
Sonhei e consegui, depois de muitas décadas. E você leitor, não tenha medo! Não é proibido sonhar.
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