SHINDÔ, REMMEI
Pouco se sabe sobre a existência da seita denominada Shindô-Remmei em Campos do Jordão.
Terminada a Segunda Guerra Mundial, o japonês Chicara Shisito, em abril de 1.946, apresentou queixa ao sub-delegado de PolÃcia João Barbosa de Carvalho de que esta sendo vÃtima de ameaças de morte de seus patrÃcios filiados a Shindô-Remmei. Antes não tivesse feito isso. Indicou o nome dos filiados à sociedade secreta: Seichi Anzai, Miyuki Yamauchi, Mongiro Kaneko e Kyoshi Suzuki. A PolÃcia localizou numa pensão em Vila Abernéssia, denominada “Repúblicaâ€, uma grande dissidência entre os japoneses, alguns favoráveis e outros contra.
A PolÃcia prendeu na pensão Jitsuo Tanaka, considerado o chefe da organização, remetendo-o ao DOPS, em São Paulo. Embora a autoridade policial não conseguisse localizar os autores da ameaça de morte, remeteu os autos ao Departamento de Ordem PolÃtica e Social, que instaurou inquérito, começando aà um longo calvário para cada um dos japoneses envolvidos.
Segundo o inquérito, a subsecção da Shindô-Remmei que operava no Vale do ParaÃba centralizava-se no bairro de Renópolis, em Campos do Jordão, sob a orientação de Teiji Kimura, um dos principais dirigentes em São Paulo.
Em Campos do Jordão, ficara provada a existência de um grande núcleo, sob a direção do japonês Yoshishige Nakauti (presidente), sendo Shoji Kimura, chefe de Sto Antonio do Pinhal, Massao Gimbo, chefe de Vila Abernéssia, Jitsuo Tanaka, chefe do Baú, Keizo Kogima, chefe do Lageado, além de Minoru Hayashi.
Os japoneses reuniam-se na residência de Teiji Kimura, em Renópolis, de onde partiam as instruções para os d
iversos núcleos.
Ouvidos, os japoneses não escondiam a condição de associados do Shindô-Remmei, para a qual mensalmente pagavam uma pequena quantia; alegavam, contudo, que o Japão não houvera perdido a Segunda Guerra Mundial, mas, ao contrário, saÃra vitorioso do conflito.
Uma carta do Núcleo postada em Campos do Jordão e dirigida sede em São Paulo, datada de 22 de fevereiro de 1946, foi interceptada pelo DOPS e pelo documento verificou-se que a seita possuÃa 72 membros, sob a denominação de Associação dos Moços do Shindô-Remmei e bem assim o nome dos integrantes de sua diretoria.
Em 7 de junho de 1946, o promotor público dr. Manoel de Figueiredo Ferraz ofereceu denúncia com base na Lei das Contravenções Penais e do Decreto-Lei 431, de 1938, contra os japoneses Jitsuo Tanaka, Matsuji Kimura, Goro Kaida, Yukimiti Kano, Miyuki Yamauchi, Chonosuke Shimoishi, Masso Gimbo, Shoji Kimura, Kishiroso Assanome, Morikiti Yoshikai, Yoshishige Nakauti, Koichi Matsumura, Minoru Hayashi, Inowo Kano, Takanori Izumi, Mitsuji Irya, Kotera Yoshinori, Jito Matsubayashi e Massao Eguti, sob a alegação de que pertenciam à organização secreta Shindô-Remmei, cujos integrantes “continuam a acreditar na vitória das armas do Mikadoâ€.
Alguns japoneses foram recolhidos à Casa de Detenção e outros ao presÃdio da Ilha Anchieta à disposição da Justiça.
Atuaram no processo os juizes Darcy Arruda Miranda e Nelson Felizola Barbosa, este o primeiro magistrado da Comarca e como defensores dos acusados, os advogados Raul Barbosa Lima, Waldir Alves de Melo e Paulo Lauro.
Em 3 de outubro de 1947, o juiz Nelson Felizola Barbosa absolvia todos os acusados, sob a alegação de que eram “japoneses trabalhadores, honestos, cumpridores de seus deveres, sendo certo de nenhum deles praticara atos de terror, nem foram nocivos aos interesses nacionaisâ€.
Não cabia a acusação, prosseguiu o magistrado, de que os acusados pertenciam a uma sociedade secreta, porque alguns dos que declararam pertencer a Shindô-Remmei disseram que o faziam porque se tratava de uma sociedade humanitária, e tanto não era secreta que, ao serem interrogados, confirmaram livremente a sua participação.
Acontece cada uma nesta cidade!
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