FESTA NACIONAL DA MAÇÃ
Com a presença do governador Adhemar de Barros, realizou-se em 6, 7 e 8 de março de 1953 a I Festa Nacional da Maçã. O objetivo era demonstrar ao Brasil o turismo crescente, a pujante fruticultura e a sua industrialização esmerada.
Tiveram participação preponderante, além do prefeito Paulo Cury, o engenheiro agrônomo Shisuto José Murayama, presidente da Associação Rural, engenheiro da antiga Casa da Lavoura, autor de dezenas de livros sobre agricultura e que foi deputado estadual.
A 1ª Festa Nacional da Maçã foi um incentivo à cultura de frutas européias de fácil adaptação ao clima de Campos do Jordão.
O progresso agrícola e da fruticultura se devem aos esforços da Colonia japonesa, que lavrava as terras nas hostis encostas da Serra da Mantiqueira, responsável pela produção à época de 50 mil sacos de cenoura, 500 mil pés de repolho e 60 mil caixas de pêra, além de 30 mil oliveiras, transformando Campos do Jordão no maior produtor de batata semente de São Paulo.
A empresa Belfruta Ltda., iniciada em 10 de março de 1949 foi a maior industrializadora de frutas da região, situado no bairro do Baú e que tinha como sócio Adhemar de Barros Filho e Paul Ludwig Gustav Edward Bockman ou simplesmente Paulo Bockman.
Além da fabricação de excelentes sucos e geléias de frutas, doces, bebidas, destacou-se pela fabricação da famosa Calvila, aguardente de maçã, que obteve grande sucesso no mercado nacional, superior à sua similar francesa Calvados.
A Belfruta tinha sede no Vale do Baú e suas instalações tinham capacidade para industrializar 5 vezes a produção do município, com moderno equipamento industrial, ocupando 1.800 alqueires de terra, 1.000 a 2.000 metros de altitude, onde se cultivava 200 variedades de maçã, pêra, framboeza, morango (1 milhão de pés), abacaxi, pêssego, manga, figo, nozes e olivas. Possuía, ainda, aos pés da Mantiqueira em Piracuama 3 mil alqueires. Mantinha em campo experimental sob a direção da Secretaria da Agricultura que objetivava fornecer 65 mil macieira no prazo de 5 anos aos agricultores da região.
A política é a causa da descontinuidade administrativa no Brasil, não só no governo, como nas empresas privadas.
Com o rompimento político de Adhemar de Barros com o governador que elegera Lucas Nogueira Garcez, o sócio Paulo Bockman preferiu ficar ao lado do Governador do Estado, afastando-se de Adhemar de Barros.
A situação se agravou com a desestabilização conjugal de Paulo Bockman e sua esposa Martha, proprietária das terras onde funcionava a Belfruta, que acabou sendo desativada.
A Festa Nacional da Maçã recebeu ampla cobertura da famosa Revista “O Cruzeiro”, com inúmeras páginas coloridas.
Lembro-me da 4ª Festa Nacional da Maçã, já sem o brilho das anteriores.
Infelismante, o engenheiro agrônomo Shisuto José Murayama, depois da 1ª Festa, por ter tomado partido de Adhemar de Barros foi removido para a cidade de Viradouro, assim como vários funcionários da Casa da Lavoura de Campos do Jordão.
O declínio das Festas da Maçã se originou de 3 fatores: o declínio da fruticultura em Campos do Jordão, o desaparecimento da Empresa Belfruta e a falta de apoio oficial. Mas, ela se incorporou à história de Campos do Jordão.
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