AS PESQUISAS NÃO MENTEM JAMAIS
Tanto quanto as cartas, as pesquisas não mentem jamais, exceto as eleitorais.
De sua leitura extraÃmos um olhar panorâmico sobre como foi Campos do Jordão há décadas e o que aconteceu no inicio do 3o Milênio. Referimo-nos ao trabalho do ex-secretário de Turismo Flávio Ventura, realizado no perÃodo compreendido entre fevereiro a setembro de 2006, ou seja, uma amostragem recente, séria e confiável, que permite uma visão comparativa da Estância nos últimos 25 anos, tomando por base o longÃnquo ano de 1981. Será que progredimos ou regredimos? Cabe ao leitor tirar suas próprias conclusões. Em 1981, possuÃmos 21 meios de hospedagem (hotéis e pousadas), com 1.000 leitos disponÃveis, e, em 2006 vamos encontrar 212 hotéis e pousadas com 8.192 leitos. Em 1981, havia 5 restaurantes, considerando que 80% dos hotéis mantinham regime de pensão completa. Em 2006, Campos do Jordão possuÃa 60 restaurantes, sendo que apenas 5% dos hotéis mantêm cozinhas e restaurantes ativos. Em 1981, havia 500 casas de férias, tecnicamente classificadas como 2ª residência, com 3 dormitórios em média com 3.000 leitos. Recentemente, em 2006, deparamo-nos com 8.000 casas naquela classificação, com hospedagem para 45.000 leitos. A arrecadação de tributos municipais em 1981 importava em 700 mil dólares, e, em 2006, subiu para 36 milhões de dólares. As garras do leão municipal ficaram afiadÃssimas. A população passou em 1981 de 15 mil pessoas para 50.000 habitantes, graças ao “boom†imobiliário dos anos 90 e as centenas de operários que subiram a serra para a construção civil e permaneceram na estância, radicando-se. Então segundo a pesquisa, os dados assustam: A população cresceu 3,5 vezes; o número de leitos em hotéis e pousadas cresceu 9 vezes; o número de meios de hospedagem cresceu 10 vezes; o número de restaurantes cresceu 12 vezes; o número de casas de campo cresceu 16 vezes e a arrecadação tributária de Campos do Jordão cresceu 52 vezes. Na abordagem sobre os meios de hospedagem em famosas estâncias de inverno, a pesquisa revelou que Bariloche na Argentina, oferecia 65 meios de hospedagem e Gramado, no Sul, ofertava 138 hotéis e pousadas contra 212 casas de hospedagem em Campos do Jordão. Um número elevadÃssimo. A conclusão é a de que o fluxo de turistas não é e dificilmente será suficiente para gerar resultados positivos para os 212 meios de hospedagem durante o ano todo em Campos do Jordão, mesmo que ocorram descontos de preços nas baixas temporadas. Não há público consumidor para tanto, mesmo porque o turista brasileiro tem uma tendência invertida no que se refere à escolha de locais de férias e feriados. O brasileiro, via de regra, quando em sua região de origem há um calor senegalês, ele sai para as férias onde está mais quente, e da mesma forma, quando em sua cidade está frio, ele vai para onde está mais frio; ou seja, no frio para mais frio e no calor para mais calor.
Se considerarmos que a Estância possui apenas 3 meses de inverno, e ainda agora afetados pelo aquecimento global, e a 9 meses de verão, é necessário que Campos do Jordão se torne atrativa continuamente ao longo de 9 meses e não apenas restrita aos 3 meses de frio. Os leitores podem desconfiar dos números e conclusões da pesquisa, mas, que faz pensar, faz. E o pior, pensar e se preocupar.
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