O POETA E O PALAVRÃO
Um dos maiores poetas brasileiros, Guilherme de Almeida, considerado o “PrÃncipe dos Poetas Brasileiros†era freqüentador assÃduo do Recanto Simonsen, de Raquel e Roberto Simonsen, localizado em Vila Capivari e hoje transformado em condomÃnio. Daqui, ele escrevia crônicas sobre Campos do Jordão para o “Diário de São Pauloâ€, ora descrevendo a viagem Campos do Jordão – São José dos Campos , ora contando o panorama deslumbrante do Pico do Itapeva. Também em nossa cidade, Guilherme de Almeida recebeu em 16 de julho de 1979, das mãos do Cônsul Geral da França Robert Valeur, a Cruz da Legião de Honra, uma das maiores condecorações francesas. Era amigo e cliente do grande e saudoso médico jordanense Francisco de Moura Coutinho Filho, que o assistiu até os últimos instantes no leito de morte, em São Paulo. O Recanto Simonsen, devorado pela chamas em 23 de abril de 1981 em razão de um incêndio misterioso, recebeu grandes personalidades brasileiras do mundo polÃtico, artÃstico e literário, anfiteonados por Raquel e Roberto Simonsen, ele um dos grandes propagadores do desenvolvimento da “Montanha MagnÃficaâ€. Roberto Simonsen, anfitrião do poeta Guilherme de Almeida, foi um homem ilustre e de visão profética, fundando a famosa Cerâmica São Caetano, criando o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, o SESI, o SENAI, além do IDORT – Instituto de Organização Racional do Trabalho e a Escola de Sociologia e PolÃtica de São Paulo, além de integrar a Academia Brasileira de Letras.
Além de Guilherme de Almeida, o Recanto Simonsen hospedou Afrânio Peixoto, Assis Chateaubriand. Gilberto Freire, Alexandre Kafka, Antonio Carlos Pacheco e Silva e tantas outras personalidades que visitavam a Estância.
Em Campos do Jordão, colaborou intensamente com a construção de obras operárias em Vila Guarani e Vila São Francisco, construÃdas pelo CÃrculo Operário, influenciou muito o Governo de São Paulo a implantar a estrada de rodagem ligando a nossa cidade a São José dos Campos e bem assim, graças ao seu prestÃgio, obteve o prefixo da Rádio Emissora de Campos do Jordão, auxiliando muito as entidades hospitalares e assistenciais de nossa terra. Entretanto, voltando ao tema desta crônica, o poeta Guilherme de Almeida freqüentava com assiduidade o Recanto Simonsen, onde vinha descansar e buscar inspiração. Certa feita, seu médico e amigo Francisco de Moura Coutinho Filho comentou com ele que a natureza jordanense, bela e prodigiosa, lhe fazia muito bem para o corpo e a alma, proporcionando paz tranqüilidade e inspiração para sua grande obra poética. E disse ao poeta que no Recanto Simonsen, Guilherme de Almeida se livrava do “stress†da capital paulista. Surpreendentemente, o poeta, respondeu ao seu amigo e médico que o que mais ele adorava no Recanto Simonsen e lhe proporcionava paz de espÃrito era subir os morros que circundavam a bela propriedade e de lá do alto, gritar a todos os pulmões:†Filho da ..., Filho da ..., Filho da ...!†Adorava ouvir o eco dos seus gritos, que voltavam aos seus ouvidos, lá no alto da montanha do Recanto Simonsen. O palavrão pode ser um insulto, mas, à s vezes, pode ser um elogio. No caso do poeta célebre, com certeza, foi um daqueles desabafos que afugentam os fantasmas que habitam a alma humana.
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