Dr. Pedro Paulo Filho

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Pedro Paulo Filho . Poesias
Campos do Jordão, meu amor
O Tesouro do Brigadeiro Jordão
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Pedra do Baú
Gruta dos Crioulos
E.F. Campos do Jordão
Homem das Montanhas
O Pinheiro
Três Sentidos
Pico do Itapeva
Uma Carta de Amor
Campos do Jordão, Onde Sempre é Estação

Gruta dos Crioulos


Em tempos passados que a memória não guarda
E tampouco registram os livros d'antanho,
Os senhores d'engenho, os homens de farda
Faziam atrocidades de todo tamanho.

Afortunados de posse, mendigos d'alma,
Embrutecidos algozes, folheados a ouro,
Açoitavam os negros escravos, à palma,
Na escura pele que chamavam de couro.

Nos sítios que pertenceram aos Costa Manso
E nos campos que foram dos Vieira de Carvalho,
Correu o sangue negro, generoso e manso,
Vertido das carnes, a chibata e a talho.

Os gritos lancinantes aos ouvidos moucos
Partiam o silêncio da noite enfurecida,
E os que, sobrevivos restaram - e eram poucos!
À morte preferiam trocar a própria vida.

Inda mesmo depois de assinada a lei d'ouro
Que a dignidade devolveu ao pátrio solo,
Os grilhões do cativeiro - mas que desdouro!
Já não arredavam pé do materno colo.

Não houve lugar na Terra de Santa Cruz
Que a chaga aberta transformasse em cicatriz,
Eis que, escravo nenhum havia de fazer jus
A um minuto sequer de uma vida feliz.

Um lugar, porém, na Mantiqueira, abençoado,
Um escuro abrigo, ao menos, aos negros escravos,
Permitiu-lhes Deus, que um dia fosse encontrado,
Para escapar aos golpes e aos horrendos cravos.

Ao menos ali - naquele canto de amor
Misturavam-se à confissão de sonhos tolos
A mansidão e a liberdade do Senhor
Na legendária e santa Gruta dos Crioulos.

Dr. Pedro Paulo Filho