Dr. Pedro Paulo Filho

Content on this page requires a newer version of Adobe Flash Player.

Get Adobe Flash player

Biografia Crônicas Livros Poesias Galeria Contato
Pedro Paulo Filho . Poesias
Campos do Jordão, meu amor
O Tesouro do Brigadeiro Jordão
Vila Capivari
Vila Abernéssia
Vila de São Matheus do Imbiri
Fazenda da Guarda
Pedra do Baú
Gruta dos Crioulos
E.F. Campos do Jordão
Homem das Montanhas
O Pinheiro
Três Sentidos
Pico do Itapeva
Uma Carta de Amor
Campos do Jordão, Onde Sempre é Estação

Campos do Jordão, onde sempre é estação


•• Primavera na "Montanha Magnífica" ••

Há flores que enfeitam a vida.
Elas brotam na primavera multicolorida da Serra da Mantiqueira.
Manacás, camélias, glicínias, quaresmeiras, antúrios, cloxínias, lobélias – é o festival luxuriante das cores primaveris.
Miosótis, petúnias, gerânios, margaridas, tulipas, lírios, verbenas, rosas – é o arco-íris de Deus nos antiplanos formosos da Montanha.
Jasmins, semprevivas, copos de leite, hortênsias, cravos, goivos, liz, gérberas, açucenas- é a explosão cromática de matizes e tons florais.
Azaléias, dracenas, melindres, samambaias, papoulas, amarílis, zínias e acácias - é o caleidoscópio febricitante de luzes, cores e amores.
Violetas, ipês, girassóis, lilases, crisântemos, avencas e amores perfeitos – é a primavera em Campos do Jordão, a estação exuberante da juventude de Deus.

Campos do Jordão é a coroa da primavera. É bem por isso que Elisa Barreto, atordoada com a resplandecente primavera jordanense, versejou:

"Ó suave Rabi dos ramos e das flores!
Se eu tocar-te a coroa ... Ó Luz dos Hemisférios!
Hão de liquefazer-se em jorros os mistérios,
Na sublime eclosão de todos os amores.“

•• Verão na "Montanha Magnífica“ ••

Verão de raios solares, intensamente luminosos, apoteóticos, transparentes, a violar as águas cristalinas e virginais que serpenteiam, em volteios, o leito de pedras dos córregos ligeiros da Mantiqueira. Raios sanguinolentos que enrubescem a paisagem fugidia e crepuscular, e vão tombando, exaustos, por detrás das serras recortadas e misteriosas, desmaiados.

Verão de noites cálidas, a aproximar os corpos lúbricos e voluptuosos, excitando epidermes ardentes para o amplexo do amor e a sublimação do desejo - alcovas de verão em noites estrelejadas de luar. Roçando os céus, quase a resvalar o "Astro-Rei", verão sanguíneo da "Montanha Magnífica", a acelerar a pulsação dos corações enamorados, profanando a mansidão dos campos silentes e a quietude das matas solitárias.

Verão efervescente que freme, crepita e extasia, na velocidade da corrente elétrica, os amores adolescentes, nas luzidias e plangentes manhãs jordanenses, tão castas como os seios das virgens invioladas, tão pudicas quanto os seus segredos recônditos. Como disse o poeta d'antanho: "Ó indecorosas manhãs de Campos do Jordão!“

•• Outono na "Montanha Magnífica” ••

A estação onde, no mundo inteiro, se evoca o ocaso e as primícias da senectude, em Campos do Jordão, o outono é luz, é ouro, "os outonos de luz de ouro", de que falava Antero de Figueiredo.

As folhas secas e amarelecidas dos plátanos caem nas alamedas jordanenses, criando o romântico clima das frias estações européias nas fraldas da Serra da Mantiqueira.

Quem diria! Os transeuntes enfeitiçados pisam-nas, provocando aquele ruído característico de folhas secas, distraídos nos bosques tranqüilos e bucólicos, massageados pela aragem encrespada e excitante que prenuncia o inverno.

É a caída das folhas, que vão levando, de roldão, os sonhos acalentados na juventude e os farrapos do coração abatido pelos anos.

É a terceira estação do ano que, no Hemisfério Norte começa a 22 de setembro e termina em 21 de dezembro, e no Hemisfério Sul, vai de 21 de março a 21 de junho.

Vem, outono! Traz para amada, no "bouquet" outonal de folhas amarelecidas, o segredos das tardes tocantes e pungentes de Campos do Jordão, na estação que anuncia o frio.

Vai, outono! Leva, no vôo olímpico das folhas douradas dos plátanus, a mensagem ensolarada de amor e prenhe de luz, que aquece o coração do povo de Campos do Jordão.

Bem-vindos todos à terra onde o outono tem o quebranto dos contos de fada e a saga dos duendes, e, repara, como bem lembrou Carlos Drummond de Andrade, que "o outono é mais estação da alma que da natureza."

•• Inverno na "Montanha Magnífica“ ••

O alvorecer no inverno é uma festa de perfumes e surpresas na Serra da Mantiqueira.

As manhãs são claras, diáfanas, transparentes e as cores caleidoscópicas brilham e rebrilham aos reflexos ígneos do Sol.

Elas têm hálitos virginais - nascem vestidas de noivas, brancas e puras vestais da geada.

As tardes jordanenses no inverno são translúcidas e tocantes; o azul da abóboda celestial tem uma pureza cromática impressionante; o verde é pleno de mistério e feitiços, e o pôr do sol, sanguinolento, anuncia os estertores do dia.

As árvores de galhos nus, ao longo das avenidas, parece que não têm alma.

Longe, bem longe, no recorte olímpico da Serra, põe-se o sol horizontino, ora dourado, ora escarlate, em seus tons e sobretons, e logo, cai a noite, gelada e pontilhada de estrelas, salpicando brilhantes, aqui e acolá, para o diadema de Deus.

Reina no espaço negro, intangível e dominadora, a Lua dourada, qual rainha apocalíptica das alcovas amorosas; lá fora, a temperatura cai abaixo de zero, mas, no coração das gentes o amor crepita em labaredas candentes e enternecedoras.

No inverno de Campos do Jordão as noites se despem de luz e se vestem de amor.

Por tudo isso, Campos do Jordão onde é sempre estação.

Dr. Pedro Paulo Filho